segunda-feira, 23 de março de 2009

Matéria no Correio Popular (Bruno Ribeiro)

"A música ilustra meu caminho. É a trilha da minha vida", diz Taïs Reganelli na apresentação de Antes que a canção acabe, seu primeiro CD solo. É esta trilha sonora, "pessoal e transferível", que a cantora apresentará no próximo domingo, no Teatro do Centro de Convivência Cultural. O show marca o lançamento do disco independente, cujo repertório é composto essencialmente por canções autorais e inéditas.
Nascida em Berna, na Suíça, e radicada em Campinas, Taïs começou a cantar em 1992, acompanhada pelo irmão e violonista Henrique Torres - com quem gravou dois álbuns com tiragens já esgotadas. Segundo a cantora, a decisão de lançar um trabalho próprio nasceu de uma urgência: "E se as canções acabarem? O compositor Luiz Tatit disse que ninguém mais faz canção. Então, correndo, escrevi algumas delas e escolhi outras tantas de gente muito especial", diz.
Voltado para a canção popular em seu sentido profundo, Antes que a canção acabe é uma coleção de delicadas melodias e letras nunca antes gravadas. As melhores são assinadas pela própria Taïs Reganelli em parceria com Nando Freitas. É com este parceiro, aliás, que a intérprete sentiu-se à vontade para aventurar-se também pelo universo da composição. Destaque para Ambíguo (arranjada por Dante Ozetti) e Quando.
Com Fernanda Dias e Fausto Nascimento, Taïs assina o gracioso samba Um Dia. Parangolé do Samba, de Silo Sotil, Fábio Sampaio e Rodrigo Sencial, é a segunda faixa do gênero presente no disco - no show deve contar com a participação especial do onipresente Chiquinho do Pandeiro. No palco, a companhia de dança Café Tablao atua em Noites em Sevilha, faixa que encerra o álbum em grande estilo.
Merece registro ainda a participação de Carlos Bala, um dos bateristas mais experientes do Brasil, que toca no disco e no show. O time de músicos que acompanha Taïs Reganelli é formado também por João Lenhari (trompetista de Roberto Carlos), Janice Pezoa (pianista), Marcos Souza (baixo acústico), Jefferson Scherrer (flauta e clarinete) e Henrique Torres (violão).
Antes que a canção acabe é um trabalho assumidamente contemporâneo, com arranjos que soam como novos e fogem às fórmulas desgastadas da MPB. Ao mesmo tempo, há no conjunto da obra uma nítida adesão ao formato tradicional da canção, sinal de maturidade. Este é um disco com a marca de Taïs Reganelli: econômico em palavras e cantado ao pé do ouvido.


Nenhum comentário:

Postar um comentário